terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Kundalini, A Enroscada

 


Kundalini é uma energia muito controversa, cheia de mistérios e lendas a sua volta. O ser humano encarnado tem como fonte básica energética o prana (chi, éter, fluido universal, etc) por onde ele absorve a energia sustentadora e mantenedora da vida. O absorvemos principalmente pela respiração e pelos chacras, notavelmente o cardíaco. Também existe uma energia divina que absorvemos diretamente pelo chacra coronário. Essa energia é de uma natureza mais sublime e sutil do que o próprio prana,  é a energia cósmica.

Além delas, existe ainda uma energia criadora e sustentadora das formas, que vêm do centro da Terra (geoenergia) e a absorvemos pelos chacras inferiores (planta dos pés por exemplo) e a condensamos na base da coluna, no chacra básico. Essa energia é de um aspecto quente e extremamente vermelha assemelhando - se a lava vulcânica, é a kundalini. Kundalini é um termo sânscrito que quer dizer "a enroscada", devido à forma como ela se condensa na base da coluna e pela sua forma de fluir, lembrando uma serpente, devido a isso é muitas vezes chamada de "serpentina de fogo".

A Kundalini se condensa em torno do chacra básico e através de exercícios yogues específicos ela é estimulada, ascendendo por dentro do nádi Sushumna que corre por dentro da coluna vertebral. Ao contrário do que muitos pensam, a Kundalini não sobe pelos dois nádis em volta do Sushumna, Ida e Pingala. Ida e Pingala são nádis por onde circula - se prana e eles começam nas narinas, descendo pela coluna (ao redor do sushumna) distribuindo prana e vitalidade por todo corpo. Ida e Pingala são nádis de "descida", sushumna é um nádi de "subida".

Mas hoje em dia, vemos uma “banalização” e desvirtuamento quando o assunto é kundalini. Todo mundo quer "ascender" kundalini e se iluminar, seja qual for o custo, como se fosse simples como “acender” um foguete no chacra básico. Não querem saber de evoluir conscientemente, apenas querem os "poderes" que a Kundalini traz. Esquecem que despertar kundalini significa despertar a consciência. Jesus, Buda e Krishna nunca fizeram exercícios para despertar Kundalini, mas com certeza a tinham desperta, apenas por suas consciências luminosas e seu corações amorosos.

Kundalini também nada tem a ver com sexo. Existe muito desvirtuamento hoje nas tântricas práticas de despertar da kundalini...  

Quando o neófito busca a força da energia da kundalini, ele depara - se com três "nós", que metaforicamente significam, três barreiras que existem dentro do canal sushumna. O primeiro “nó” encontra - se no chacra básico. Ele impede que a Kundalini flua e irrigue diretamente os chacras superiores. Esse nó é desfeito quando o corpo precisa de mais energia kundalini, para sustentar seu desenvolvimento. Quer desatar esse nó? Busque evoluir!

Depois a energia Kundalini encontra uma segunda barreira,  no chacra cardíaco. Para desfazer - se esse nó, é necessário o desenvolvimento dos sentimentos virtuosos e do verdadeiro amor, o incondicional. É uma barreira que faz você primeiro desenvolver o equilíbrio e o brilho emocional para poder direcionar de forma sábia e correta a força kundalínica.

Por último, a terceira barreira encontra - se no chacra frontal, última barreira para a kundalini chegar até o topo do chacra coronário. Para desfazer - se desse nó é necessário o desenvolvimento da chamada consciência cósmica. É estar desperto e equilibrado em todos os sentidos da vida, transcendendo as limitações humanas.

Portanto a Kundalini é desperta através da evolução como espírito imortal e consciência  divina. Aquele que desperta e faz a kundalini fluir diretamente até o chacra coronário, são espíritos com grandes habilidades, competências, genialidade , etc. Mas o mais importante é que para todo esse potencial seja dado um bom uso, sempre com discernimento, luz e amor.   

(Sepe que tem às vezes uns "espirros" kundalínicos, mas para ascender kundalini falta muito, rs! ...) 



Por Fernando Sepe

O Sábio Samurai



Perto de Tóquio, vivia um grande samurai, já idoso, que agora se dedicava a ensinar Zen aos jovens. Apesar de sua idade, corria a lenda de que ainda era capaz de derrotar qualquer adversário.

Certa tarde, um guerreiro, conhecido por sua total falta de escrúpulos, apareceu por ali. Era famoso por utilizar a técnica da provocação. Esperava que seu adversário fizesse o primeiro movimento e, dotado de uma inteligência privilegiada para observar os erros cometidos, contra-atacava com velocidade fulminante. O jovem e impaciente guerreiro jamais havia perdido uma luta. Conhecendo a reputação do samurai, estava ali para derrotá-lo e aumentar sua fama.

Todos os estudantes se manifestaram contra a idéia, mas o velho e sábio samurai aceitou o desafio. Foram todos para a praça da cidade. Lá, o jovem começou a insultar o velho mestre. Chutou algumas pedras em sua direção, cuspiu em seu rosto, gritou todos os insultos que conhecia, ofendendo, inclusive, seus ancestrais. Durante horas fez tudo para provocá-lo, mas o velho sábio permaneceu impassível. No final da tarde, sentindo-se exausto e humilhado, o impetuoso guerreiro desistiu e retirou-se.

Desapontados pelo fato de o mestre ter aceitado tantos insultos e tantas provocações, os alunos perguntaram: — Como o senhor pôde suportar tanta indignidade? Por que não usou sua espada, mesmo sabendo que poderia perder a luta, ao invés de se mostrar covarde e medroso diante de todos nós?

Se alguém chega até você com um presente, e você não o aceita, a quem pertence o presente? — perguntou o Samurai.


A quem tentou entregá-lo — respondeu um dos discípulos.

O mesmo vale para a inveja, a raiva e os insultos — disse o mestre. — Quando não são aceitos, continuam pertencendo a quem os carrega consigo. A sua paz interior, depende exclusivamente de você. As pessoas não podem lhe tirar a serenidade, só se você permitir!